sexta-feira, 17 de abril de 2015

Por: Pablo Neruda

"Não estejas longe de mim um dia que seja, porque, 
porque, não sei dizê-lo, é longo o dia, 
e estarei à tua espera como nas estações 
quando em algum sitio os comboios adormeceram.
Não te afastes uma hora porque então 
nessa hora se juntam as gotas da insônia
e talvez o fumo que anda à procura de casa
venha matar ainda meu coração perdido.
Ai que não se quebre a tua silhueta na areia,
ai que na ausência as tuas pálpebras não voem:
não te vás por um minuto, ó bem-amada,
porque nesse minuto terás ido tão longe
que atravessarei a terra inteira perguntando
se voltarás ou me deixarás morrer."


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